Meta 3
Melhorar a segurança na prescrição, no uso, e na administração de medicamentos

A Meta 3 para Segurança do Paciente se refere ao processo de terapia medicamentosa. Erro de medicação é definido como “qualquer evento prevenível que possa causar ou conduzir ao uso inapropriado de medicamento ou dano ao paciente enquanto o medicamento está sob o controle do profissional de saúde, paciente ou consumidor” (NCCMERP, 2016).
Estes erros são considerados os mais prevalentes, visto que se trata de um dos processos mais executados nas instituições de saúde, e envolve diversas etapas, setores e profissionais. As falhas podem resultar em danos graves e até na morte do paciente. O erro final ocorre no momento da administração incorreta do medicamento, e erroneamente acredita-se que o único responsável pelo erro, é o profissional que está executando a ação. Entretanto, o erro pode iniciar em qualquer etapa do processo, armazenamento e dispensação, prescrição médica, preparo e administração em si, estendendo-se até após, quando não é realizado um monitoramento adequado após a administração do medicamento.
Para evitar a ocorrência de erros relacionados à terapia medicamentosa, é fundamental analisar os incidentes já ocorridos e implantar barreiras ao longo de todas as etapas do processo, a fim de reduzir, dificultar ou eliminar os riscos. Seguem alguns exemplos:
Identificação dos medicamentos no local de armazenamento e uso de etiquetas informativas
Medicamentos de Alta Vigilância, também denominados medicamentos de alto risco ou medicamentos potencialmente perigosos, são aqueles que apresentam risco aumentado de provocar danos moderados a graves aos pacientes, em decorrência de falha na cadeia terapêutica, como por exemplo as drogas vasoativas, soluções concentradas de eletrólitos (Ex: cloreto de potássio), opióides, anticoagulantes (Ex: heparina), trombolíticos (Ex: ateplase), insulinas, agentes quimioterápicos, dentre outros. Identificá-los com etiquetas vermelhas antes da dispensação, armazená-los separados das demais medicações, e estabelecer a dupla checagem antes do preparo e administração, são medidas que reduzem o risco de erros.
Medicamentos com grafia ou som semelhantes (sound-alike) e medicamentos com aparência semelhante (look-alike)
Medicamentos com grafia ou sons semelhantes podem ser identificados no local de armazenamento e prescritos utilizando a técnica de letras maiúsculas nas sílabas diferentes, como por exemplo:
CefaLOTina / CefaZOLina
DOBUTamina / DOPamina
EPINEFrina / EFEDrina
HaloPERidol / AloPURinol
LevoTIROXina / LevoMEPROmazina
PrednisoLONA / PredniSONA
E medicamentos com aparência semelhantes, como por exemplo as ampolas plásticas de eletrólitos (cloreto de potássio, sulfato de magnésio, cloreto de sódio 10% / 20%, gliconato de cálcio 10%) e glicose 50%, serem armazenados distantes entre si e das ampolas plásticas de soro fisiológico e água destilada, além de serem identificados com uma etiqueta colorida (Ex: amarelo), no local em que forem armazenados.
Read-back na prescrição verbal
As prescrições verbais de medicamentos são restritas a situações de urgência e emergência, as quais requerem atendimento médico imediato, por implicarem risco potencial ou iminente de vida, ou sofrimento intenso. Nestes casos, recomenda-se utilizar a técnica “read-back”: quem recebeu a prescrição verbal deve repetir de volta o que foi dito, e ser confirmado pelo prescritor antes que o medicamento seja administrado. Assim que possível, o prescritor valida a prescrição por escrito.
Preparo e administração
O uso dos “certos” como estratégia para uma administração segura de medicamentos, foi criado na década de 60, especificamente como “cinco certos”. Desde então esta prática de verificação tem sido amplamente utilizada, acrescentando-se inclusive outros itens a serem checados (9 certos e até 13 certos). Os 9 certos no preparo e administração de medicamentos são:
1. Paciente certo
2. Medicação certa
3. Forma farmacêutica certa
4. Dose certa
5. Via certa
6. Horário certo
7. Orientação certa: Instruir o paciente sobre qual o medicamento está sendo administrado (nome), justificativa da indicação, efeitos esperados e aqueles que necessitam de acompanhamento e monitorização.
8. Registro certo: O registro envolve todos os procedimentos realizados com o paciente, assim como os detalhes da administração dos medicamentos, como dose e horário. Esse documento possibilitará a continuidade do tratamento com maior segurança.
9. Monitoramento certo: Observar atentamente o paciente que foi medicado para avaliar as respostas do seu organismo aos medicamentos. Checar se os efeitos desejados estão sendo obtidos, ou se qualquer outro efeito não esperado esteja presente.
Além dos certos, é imprescindível que não seja administrado nenhum item da prescrição caso haja qualquer dúvida, quanto à indicação, dose, diluição, frequência ou via, sem antes confirmar as informações com o médico prescritor e/ou farmacêutico. O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem proíbe em seu “Art. 30 Ministrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade dos riscos.”
Outro grande aliado na prevenção de erros, têm sido os sistemas de prescrição eletrônica. Os mais atuais, já possuem barreiras relacionadas a prescrição de doses não recomendadas, sinalização de interações medicamentosas, alertas de atraso ou não administração de doses, dentre outras.
Utilizando-se essas barreiras em cada etapa do processo, é possível reduzir de forma considerável os erros na administração dos medicamentos, fortalecendo a segurança do paciente.









