Delirium
Delirium na Unidade de Terapia Intensiva

O que é delirium?
Delirium é um termo que abrange uma série de alterações agudas (que geralmente se iniciam no espaço de horas ou dias) do estado mental, causando principalmente prejuízos da atenção, nível de consciência e cognição.
O que causa essa alteração?
O delirium pode ser causado por qualquer doença aguda, trauma ou mesmo efeito do uso de medicamentos. Os causadores mais comuns na prática clínica são:
- Infecções e sepse;
- Uso de medicações (especialmente os benzodiazepínicos, como alprazolam, clonazepam, diazepam etc.);
- Doenças neurológicas agudas;
- Disfunção aguda de órgãos (insuficiência cardíaca, insuficiência renal, insuficiência respiratória etc.);
- Politraumatismos;
- Realização de cirurgias.
Apesar desses fatores deflagrarem o delirium, sua causa fisiológica ainda é pouco compreendida, e provavelmente resulta de desbalanços de neurotransmissores específicos.
Quão frequente é o delirium no contexto hospitalar?
O delirium é extremamente frequente em pacientes internados. Algumas estatísticas mostram uma prevalência de até 50% em pacientes de unidades não críticas, e de até 80% naqueles internados na UTI.
Isso se dá pelo fato de que esses pacientes têm maior probabilidade de terem as causas do delirium descritas acima. No entanto, o próprio ambiente de internação (especialmente da UTI) também pode favorecer ou piorar esse problema, tanto pelo uso das medicações, quanto pela falta de estímulos orientadores (como a presença da família, maneiras de contabilizar a passagem do tempo, atividades para ocupação etc.).
Algum grupo de pacientes é mais suscetível?
Pacientes idosos, especialmente aqueles que já têm demência prévia, têm maior probabilidade de desenvolver delirium.
Como o delirium é diagnosticado?
O diagnóstico do delirium é clínico, e se baseia no uso de escalas e instrumentos que necessitam apenas da história e exame físico do paciente.
Não há exames que podem firmar o diagnóstico, porém ocasionalmente podem ser solicitados testes complementares para descartar outras doenças semelhantes ao delirium.
Como evitar o delirium?
Não existem medicamentos que evitam ou tratam o delirium. Ocasionalmente, os pacientes podem necessitar de drogas para controle imediato da agitação e agressividade que podem resultar do estado confusional, mas esses medicamentos não alteram o curso da doença em si.
Medidas não-farmacológicas, no entanto, são comprovadamente eficazes em evitar essa entidade. Dentre elas, podemos citar:
- Presença da família com o paciente (sempre que possível, a “visita estendida”, ou mesmo a presença de acompanhante por 24h na UTI, deve ser implantada);
- Redução da privação de sono (redução do ruído e da luz no período noturno);
- Redução de comprometimentos auditivos ou visuais (caso o paciente use óculos ou aparelhos auditivos, esses devem ser utilizados durante a internação);
- Maneiras de orientação do tempo (uso de relógios em locais visíveis ao paciente, exposição à luz do sol para percepção do ciclo dia-noite);
- Mobilização precoce (sair do leito o mais brevemente possível).
O tratamento da causa de base (infecção, disfunção orgânica aguda, trauma etc.) também acelera a resolução do delirium.
O delirium traz riscos ao paciente?
O delirium deve ser evitado ao máximo, pois trabalhos mostraram que sua ocorrência pode aumentar a mortalidade do paciente em até 40%, por diversos mecanismos ainda não compreendidos completamente.
Além disso, mesmo pacientes que se recuperam podem desenvolver declínio cognitivo posterior.









