Meta 2
Comunicação efetiva em prol da segurança do paciente

A comunicação pode ser definida como a transmissão de informações de um indivíduo ao outro, por meio da fala, escrita, imagens e sons a fim de gerar conhecimento. Trata-se de uma habilidade imprescindível nas relações humanas, e entre os profissionais de saúde, é determinante para o sucesso e segurança da assistência aos pacientes.
A partir de 2001, as habilidades de comunicação passaram inclusive a fazer parte das diretrizes curriculares dos cursos da área da Saúde no Brasil, dada a dimensão de sua importância.
É através de uma comunicação efetiva que se constrói relações de confiança dentro do processo de cuidado, que é possível identificar as necessidades dos pacientes e seus familiares, que os pacientes de fato compreendam seu estado de saúde e participem ativamente de seu tratamento.
Para isso, tão importante quanto o conteúdo da informação que está sendo transmitida, é a forma como se faz. Dentro do contexto da saúde utiliza-se um vocabulário bastante técnico, que não é acessível à maioria da população, e que precisa ser adequado para que de fato as informações sejam compreendidas. A nossa comunicação não verbal - postura corporal, expressão facial, gestos, tom de voz, dentre outros, também podem se tornar barreiras ou aliados à efetividade de nossa comunicação.
A comunicação efetiva também tem impacto direto na qualidade e segurança dos serviços de saúde. Estima-se que a comunicação ineficaz foi a causa raiz de mais de 60% de eventos adversos no mundo entre os anos de 2013 a 2015, e por esse motivo foi incluída nas Metas Internacionais de Segurança do Paciente.
Dentro de um hospital, o cuidado aos pacientes é realizado continuamente, por equipes que se revezam ao longo das 24h. O repasse de informações de forma adequada e completa é essencial para continuidade da assistência. Para isso, além das anotações no prontuário do paciente e a passagem de plantão verbal, também têm sido implementadas ferramentas que sistematizam essa atividade para evitar que informações importantes deixem de ser transmitidas.
Uma delas, adotada pela enfermagem, é a Metodologia SBAR (Sigla original do inglês Situation, Background, Assesment e Recommendation), desenvolvida por militares de submarinos nucleares, utilizada da indústria da aviação e posteriormente adaptada e incorporada aos serviços de saúde.
O mnemônico se refere às seguintes fases: S – Situação: Descrever em uma frase simples e clara a situação atual; B – Breve histórico: Detalhes e contexto pertinentes à situação;
A – Avaliação: Análise sobre a situação e seus desdobramentos futuros; R – Recomendações:
Ações recomendadas.
Os pacientes também são assistidos por uma equipe multiprofissional, que troca informações o tempo todo, compartilhando e discutindo avaliações realizadas, alterações observadas e ações a serem implementadas. Para isso, as anotações registradas nos prontuários de forma completa, organizada e legível (quando prontuário manual), são essenciais.
Em situações de emergência, como no atendimento de uma parada cardiorrespiratória, que envolve uma equipe multiprofissional desempenhando diversas atividades simultaneamente, a comunicação precisa ser simples, direta, clara e resultar em ações imediatas e coordenadas. Uma das estratégias recomendadas, é o uso da comunicação em alça fechada. O emissor emite uma mensagem ao receptor (geralmente uma solicitação), e este, ao recebê-la, repete para o emissor, de forma que indique a ele que ouviu e compreendeu, e também como forma de confirmar aquilo que está sendo solicitado. Após realizar o que foi solicitado, o receptor anuncia de volta para o emissor, que a ação foi concluída. Essa técnica reduz o risco de erros por falhas na comunicação, que devido a tensão e a própria dinâmica de atendimento das situações de emergência, pode aumentar.
Além dos profissionais que prestam cuidados diretos aos pacientes, todos que trabalham dentro de um serviço de saúde, fazem parte de processos e desempenham funções que de alguma forma vão afetar a assistência aos pacientes.
Uma falha de comunicação entre farmácia, almoxarifado e setor de compras, por exemplo, pode resultar em atraso ou descontinuidade de um tratamento, e pode levar o paciente a desfechos desfavoráveis. Dessa forma, observamos que ações simples e de baixo ou nenhum custo financeiro, podem ser implementadas dentro de uma instituição de saúde para promover uma comunicação mais efetiva, padronizando ações, facilitando as relações internas e externas, e principalmente, tornando a assistência mais segura.









