Diabetes: como estamos e para onde vamos?

Por Fabiano Zaidan Borges
Endocrinologista - CRM-MG 37282
Professor da Universidade de Uberaba (Uniube) e médico preceptor do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM)
26 de junho é o Dia Nacional do Diabetes. Neste contexto, fui convidado a fazer um retrato atual sobre esta doença que afeta, somente no Brasil, mais de 16 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde. Infelizmente, estes números estão em constante expansão em nosso país e no mundo, coincidindo com a epidemia de obesidade, gerando elevados custos humanos e financeiros.
O diabetes é caracterizado pelo acúmulo de açúcar (glicose) no sangue. Pode ser causado pela falta de insulina ou pela dificuldade deste hormônio agir no corpo, a chamada resistência insulínica e é classificado em tipos. O mais comum é o do tipo 2, que está ligado ao envelhecimento e, em grande medida, ao excesso de peso. Neste caso, o acúmulo de gordura abdominal (conhecida popularmente como “barriga de chopp”) torna-se tóxico na medida em que produz inflamação, levando à resistência insulínica. O tipo 1 acomete mais crianças e adolescentes, sendo causado pela produção autoimune de substâncias que destroem as células secretoras de insulina do pâncreas. Ainda há outras causas, como o diabetes da gestação e o de origem genética.
Os sintomas mais importantes são o excesso de urina, a sede intensa, a perda de peso não intencional e o aumento da fome. A urina fica em grande quantidade por estar com muito açúcar. Com o tempo, se não tratado, algumas complicações podem aparecer como alterações na visão, redução do funcionamento dos rins com necessidade de diálise, infarto do coração e acidentes vasculares cerebrais. Agressão aos nervos e vasos sanguíneos não são incomuns, levando, por exemplo, a dores nas pernas e em casos mais extremos a infecções e amputações nos pés. Ou seja, se não cuidada, pode tornar-se uma doença grave.
Mas nem tudo são notícias ruins. A boa notícia é que com o avanço das pesquisas, vem crescendo o número e a qualidade das armas que temos disponíveis para prevenir e combater o diabetes. Iniciando-se do mais básico e importante para todos os casos que são as chamadas mudanças de estilo de vida, às quais incluem o tripé dieta equilibrada, atividade física e sono adequado. Perder peso nos casos de obesidade é fundamental para prevenir o diabetes e, até mesmo, para controlar aqueles que já têm o diagnóstico.
Ao mesmo tempo, novos medicamentos permitem melhor controle dos níveis de açúcar, incluindo opções orais e injetáveis com efeitos benéficos que vão além do próprio diabetes, mas também sobre o peso, a saúde do coração, dos vasos sanguíneos e dos rins. Também, dispositivos tecnológicos como bombas de infusão de insulina de última geração similares a um pâncreas artificial já são realidade.
As perspectivas são bastante interessantes, com pesquisas em andamento na área de transplante de células tronco que poderão, quem sabe, no futuro, recuperar a função das células secretoras de insulina.
Por fim, nesta luta contra o diabetes, enfatizamos a importância de prevenir a doença, reduzindo os fatores de risco e melhorando a qualidade de vida. Para tanto, é fundamental procurar o seu endocrinologista de confiança para dirimir dúvidas e dar as melhores orientações.
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