A evolução histórica das UTI's
A evolução historica das UTI's

Por Mariana Lopes de Figueiredo
COREN-MG 326373
A unidade de terapia intensiva (UTI) é um ambiente preparado para oferecer suporte de vida avançado a pacientes graves. Trata-se de um setor de alta complexidade, que realiza a monitorização completa e vigilância contínua dos pacientes, através de um grande aparato tecnológico e profissionais especializados e altamente qualificados, prontos para identificar e intervir com agilidade em situações de urgência e emergência.
A UTI, é um setor relativamente novo dentro da estrutura dos hospitais, tal como a conhecemos atualmente, e passou por diversas mudanças ao longo dos anos.
A autoria do primeiro projeto de uma unidade específica para cuidados intensivos, é atribuído à enfermeira britânica Florence Nightingale, que durante a Guerra da Criméia, no ano de 1854, juntamente com mais 38 voluntárias, conseguiu reduzir a mortalidade entre os soldados que eram hospitalizados de 40% para 2%.
Uma das principais medidas implementadas foi a classificação e separação dos soldados feridos de acordo com sua gravidade, traduzida na época pelo grau de dependência. Os mais graves ficavam mais próximos da área de trabalho da enfermagem, de forma que pudessem ser melhor monitorados e atendidos. Ou seja, aquela era uma unidade específica para pacientes graves, que permaneciam em vigilância e assistência contínuas, tal como a essência das UTIs atualmente.
Já a primeira UTI dentro de uma estrutura hospitalar, foi criada em 1926 pelo médico Walter Dandy, e eram as salas de recuperação pós-anestésica destinadas a pacientes submetidos à Neurocirurgia no Hospital Johns Hopkins nos Estados Unidos.
O austríaco Peter Safar é considerado o primeiro médico intensivista. Após passar por um campo de concentração nazista, emigrou para os Estados Unidos onde cursou medicina e formou-se anestesista. Na década de 1950 concentrou seus estudos em urgência e emergência sendo um dos criadores do ABC primário, uma sistematização do atendimento de emergência que estabelece uma ordem de prioridade – A (airway) abertura de vias aéreas; B (breathing) respiração; C (check) checagem do pulso – e da técnica de ventilação artificial boca a boca e massagem cardíaca externa. Foi também o fundador da primeira UTI cirúrgica, na cidade de Baltimore, e criou a primeira disciplina de "medicina de apoio crítico" nos Estados Unidos, na Universidade de Pittsburgh. Dentre outras contribuições notórias, iniciou os estudos sobre indução de hipotermia terapêutica em pacientes críticos, elaborou o projeto de ambulâncias-UTI para transporte, e fundou a Associação Mundial de Medicina de Emergência.
Já no Brasil, a terapia intensiva teve início na década de 1950, com a importação dos ”pulmões de aço” pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Universidade de São Paulo, um protótipo de ventilação mecânica controlada, que deixou de ser exclusividade dos centros cirúrgicos e de anestesiologia. Essa tecnologia possibilitou a criação das primeiras UTIs respiratórias no Brasil, fundamentais para o enfrentamento da epidemia de poliomielite. A primeira UTI respiratória do Brasil surgiu no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (HSE-RJ), em 1967, possibilitadas pelos estudos de ventilação mecânica do médico Antônio Tufik Simão, que esteve à frente da coordenação médica da unidade até 1990.
Desde então, diversas tecnologias têm sido constantemente implementadas nas UTIs, e junto com o desenvolvimento de técnicas e habilidades profissionais, um trabalho cada vez mais multiprofissional e transdisciplinar, a melhoria contínua dos processos de trabalho, e a gestão de alta performance, possibilitou a melhora crescente dos índices de recuperação e sobrevida de qualidade dos pacientes que necessitam de cuidados intensivos.









