A triagem hospitalar é um dos processos mais importantes de um Pronto Atendimento. É por meio da classificação feita nas unidades de saúde no momento da chegada do paciente que os profissionais conseguem entender qual seu grau de urgência e dar o melhor suporte ao seu caso. O objetivo principal da triagem hospitalar é agilizar o atendimento e otimizar recursos do hospital, fazendo com que os profissionais ganhem tempo e os pacientes ganhem qualidade durante sua passagem pela instituição. Isso ajuda na redução de filas de espera e na superlotação desses espaços. Muitos Pronto Atendimentos usam seu próprio processo de triagem hospitalar para classificar os pacientes, no entanto, o Protocolo de Manchester é o mais comumente seguido para dar organização ao atendimento hospitalar.
Protocolo de Manchester
O protocolo de Manchester é uma metodologia adotada para facilitar a triagem de pacientes, fazendo uma classificação de risco de acordo com cores de pulseiras, permitindo que casos mais graves sejam atendidos em um menor período de tempo. Assim, o Protocolo de Manchester adotado pelos hospitais utiliza as cores azul, verde, amarelo, laranja e vermelho para organizar a espera dos pacientes. Normalmente o paciente chega ao Pronto Atendimento em um caso agudo. Mas isso não significa, necessariamente, que seu caso seja mais grave que outros. Por isso, a triagem hospitalar feita a partir do Protocolo de Manchester se estrutura da seguinte maneira:
- Azul: Significa que o caso do paciente não é urgente e seu atendimento pode ocorrer em até 240 minutos ou ser encaminhado para outros serviços de saúde.
- Verde: Quer dizer que o caso é pouco urgente. Isso significa que o atendimento pode acontecer em até 120 minutos, ou que o paciente pode ser encaminhado para outro serviço de saúde.
- Amarelo: Significa que o caso é urgente e demonstra que o paciente precisa de um atendimento rápido, mas pode aguardar. O atendimento acontece em até 60 minutos.
- Laranja: Demonstra que o caso é muito urgente e o atendimento deve ser feito em até 10 minutos.
- Vermelho: Significa uma emergência e demonstra que o paciente requer atendimento imediato.
Mas para que o profissional chegue a essa classificação, antes ele faz uma avaliação do caso do paciente. O ideal é que essa análise dure, no máximo, de 3 a 4 minutos. Para isso, o profissional faz uma aferição dos sinais vitais, a identificação dos sintomas, entendendo a principal queixa do paciente e fazendo uma série de perguntas para, por fim, fazer a classificação de risco na triagem hospitalar.
Outras técnicas eficazes de triagem
Além do Protocolo de Manchester, outras técnicas e ferramentas de triagem também podem ser adotadas pelos hospitais, a depender de suas necessidades específicas e do contexto em que estão inseridos. Algumas das técnicas mais notáveis incluem:
- Sistema de Classificação de Emergência Canadense (CTAS): O CTAS foi desenvolvido no Canadá para padronizar e melhorar a qualidade do atendimento de emergência. A classificação é feita em cinco níveis, onde o nível 1 representa as situações mais críticas, que requerem atendimento imediato e o nível 5 representa casos não urgentes. Esses níveis são definidos com base na gravidade das queixas apresentadas pelos pacientes, na instabilidade dos sinais vitais, no grau de dor e na necessidade de recursos médicos. Ao utilizar o CTAS, os hospitais podem proporcionar um atendimento mais eficiente, reduzindo o tempo de espera e melhorando a distribuição dos recursos médicos.
- Sistema Australasiano de Triage (ATS): O ATS é baseado no CTAS, porém com adaptações para melhor atender às necessidades das práticas médicas na Austrália e Nova Zelândia. Além dos cinco níveis de gravidade comuns aos sistemas de triagem, o ATS possui critérios específicos e claros para cada categoria e oferece orientações detalhadas para a equipe médica na avaliação do paciente. Ao adotar o ATS, os hospitais podem proporcionar um atendimento mais padronizado e alinhado às diretrizes locais, garantindo maior consistência e eficiência no atendimento de emergências.
- Sistema de Classificação de Emergência (ESI): O ESI, desenvolvido nos Estados Unidos, classifica os pacientes em cinco categorias de gravidade, assim como os outros sistemas de triagem. No entanto, o ESI ajusta a classificação de pacientes com base na quantidade de recursos necessários para o cuidado e tratamento. Essa perspectiva diferenciada permite aos profissionais de saúde analisar não apenas a gravidade da situação médica, mas também considerar a complexidade e a quantidade de exames, consultas e tratamentos envolvidos no atendimento ao paciente. Essa abordagem auxilia na otimização e alocação de recursos dentro das unidades hospitalares para proporcionar um atendimento mais eficiente e melhorar a satisfação dos pacientes.
Desenvolver e adotar estratégias de triagem bem ajustadas às particularidades de cada hospital e de cada região é crucial para garantir que os pacientes recebam atendimento médico de qualidade e com agilidade. A escolha da técnica de triagem, portanto, dependerá das necessidades específicas da instituição, dos recursos disponíveis e dos objetivos a serem alcançados.
Benefícios da implementação de uma triagem eficiente
A organização da triagem hospitalar garante, antes de tudo, a segurança do paciente. Mas para além disso, estabelecer protocolos e padronizações geram benefícios em diversos outros pontos essenciais para a sustentabilidade de um Pronto Atendimento. Assim:
- Melhore o NSP dos pacientes: os pacientes podem ser detratores ou promotores da sua instituição. E para que essa experiência seja a melhor possível e ele saia com uma boa impressão, seu atendimento precisa ser positivo desde o início. A organização da triagem hospitalar, nesse cenário, garante que seu paciente saia muito mais satisfeito, já que impacta em redução de tempo e otimização de atendimento.
- Garanta um atendimento seguro: A classificação de risco feita da forma correta permite que o paciente tenha o atendimento necessário, no momento em que ele precisa. Ou seja, se a triagem hospitalar for coordenada, o paciente tem a garantia de que terá um atendimento correto, seguro e de acordo com o seu problema.
- Reduza problemas organizacionais: Um Pronto Atendimento pode ser um cenário caótico. Assim, com fluxos de triagem hospitalar padronizados os profissionais ganham produtividade, reduzindo o uso incorreto de recursos, humanos ou materiais, melhorando a tomada de decisões e tornando o ambiente de trabalho mais positivo e organizado.
- Reduza fatalidades: O erro de classificação e, consequentemente, o aumento do tempo de espera de um paciente em estado de emergência pode ser fatal. Estabelecer os processos certos de triagem hospitalar permite que você reduza esses casos. Uma triagem hospitalar realizada de forma coordenada tem o poder de transformar a experiência do paciente e otimizar dezenas de processos de um Pronto Atendimento.
Em resumo, uma triagem hospitalar eficiente desempenha um papel fundamental na garantia de que os pacientes recebam atendimento adequado, seguro e em tempo hábil. Ao adotar as melhores ferramentas e técnicas de triagem disponíveis, os hospitais e instituições de saúde podem otimizar seus recursos e processos internos, melhorar a experiência dos pacientes e, consequentemente, aumentar a satisfação e a reputação da instituição no mercado. A escolha do método de triagem ideal depende das necessidades, características e objetivos específicos de cada instituição, mas o elemento mais importante é a capacidade de implementar um sistema organizado e eficaz que possa adaptar-se às mudanças e desafios enfrentados pelo setor de saúde. Investir na capacitação da equipe e em processos de triagem inteligentes e personalizados é a chave para garantir que os pacientes recebam o melhor cuidado possível e para construir um serviço de saúde eficiente e sustentável para o futuro.